domingo, 16 de dezembro de 2007

O velho modo antigo de se viver






Juvenal.
86 anos.

Ex-combatente da 2º Guerra Mundial. Lutava contra o exército de Hitler que amedrontava a todos, os não-alemães. Gozado, Hitler era Austríaco.
Seu Juvenal, apesar de seus longos e incansáveis anos de vida, continua o mesmo de 50 anos atrás: garoto forte (sim, garoto... o corpo perde a juventude, mas a alma só tem a ganhar), intrépido, rígido, insensível, um típico militar, que usa como argumento as perdas em campo.
Diz ser um homem honesto (aqui vou deixando o adjetivo “garoto”). Parece-me ser também.
Faz questão de me mostrar todas suas condecorações. Foi um profissional importante, aclamado.
Mas não sei... Não sei o que aconteceu! Qual terá sido o motivo de sua solidão?!
Mora sozinho. Numa casa enfeitada de quadros. Só os fantasmas do passado vem visitá-lo, assombrando-o com lembranças remotas.
Suas filhas não o visitam. Ele diz que não quer vê-las.
Quer sim.
Sua esposa foi embora. Ela não se conformou com suas leis intransigentes, depois de 26 anos do "até que a morte nos separe".
Toda noite, pega seu banquinho e senta em frente à sua casa. Costuma olhar o movimento na rua que não é tão intenso.
Ele gosta mesmo é de conversar. Foram necessários apenas dez minutos para ele começar a me contar toda sua história. Queria falar, e eu, ouvir, assiduamente.
Disse-me tantas coisas. Mas nenhuma me fez refletir tanto como aquela, que veio pronta para mim, só para mim, naquele momento.
“Tenho 86 anos, não ouso planejar mais 20. Na nossa idade, tudo gira em torno da experiência. Na sua, da expectativa.”
Só isso.
Foi o bastante para eu ver que ainda tenho chances de mudar o Sistema.
Sim, tenho!
Vou viver o bastante para fazer com que aquele velho modo de se acostumar com as coisas, legitimando-as, torne-se também obsoleto.
Quando pensamos que já sabemos o bastante...vem um amontoado de coisas novas que nos fazem ver que somos uma centelha diante da imensidão dos fatos.
Que Seu Juvenal tenha mais 100 anos.
E que se torne o Homem mais antigo do mundo!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

"O Triste Fim de Luanne Reis" - Uma futilidade Confessional





Oh! Vida!

Não me queixo do que eu tenho, mas queria que outras coisas acontecessem nessa água de poço em que vivo.


Acho que aquilo de me achar "estranha", "fora dos padrões" não está sendo tão legal como antes...( já nem posso me vangloriar)


Outro dia, andava eu de ônibus quando um grupo de jovens, sentados do outro lado, riam falando de shopping, "ficas", enquanto eu estava sozinha, com um óculos no meio da cara e um livro entre as mãos..."O Triste Fim de Policarpo Quaresma".


Eles rindo e eu quase concentrada na Literatura Brasileira ( Se não fossem seus berros...)


Então, não sei se estou deixando de viver, mas quando eu penso nisso, deixo então de viver esses minutos que poderiam ser gastos com outras coisas, menos fúteis,. menos inúteis.


Acho que preciso de um namorado!! Mas não quero "arrumar" ou "arranjar"...afinal, o que é um namorado senão o oposto de uma camisa amassada jogado no guarda-roupa e que precisa ser arrumado?!


Bem, espero que, pelo menos aqui, a Vida não imite a Arte e minha vida não seja mais um título de livro jogado nas pratelerias...." Um Triste Fim de Luanne Reis"

Ponto de Vista


Sempre quis começar uma estória com "Era uma vez". Mas é que achava tão infantil...e tão comum. Parecia que ia narrar um conto da caronchinha.

Eis que, num súbito momento, como se emergisse em minha mente, três palavras aleatórias, brincando de gangorra: " Era uma vez"


Era uma vez um garoto triste que havia perdido seus pais em um naufrágio. Herdou uma voluptuosa fortuna.

Mas como um garoto de 10 anos poderia se vislumbrar com tanto dinheiro se ainda não tinha a audácia da ambição?

Ele só queria um coleguinha. Alguém que o distraísse "abicorando" petecas, deixando a bola cair na casa da vizinha ou mesmo rindo em frente à Tv, acompanhados de biscoitos recheados.

Conheceu o Pequeno Stonner e achou que havia encontardo uma amigo...uma salvação.

Até que um dia...

- Não fique assim...tão triste - disse o Pequeno Stonner - Eu sei muito bem como se sente...

- Sabe?! - perguntou o surpreso garoto com os solhos cintilantes em busca de compreensão.

- Sei... Uma vez meu gato caiu na piscina...Ele morreu afogado!


Conclusão: o que nós sentimos é só nosso. Não devemos buscar compreensão nos pensamentos alheios. Ninguém saberá nunca como nos sentimos de verdade quando algum fato, não nos mata, mas nos deixa acabados.

Não acreditemos quando alguém quiser nos compreender com falsas palavras.

Boas intenções às vezes machucam.